sexta-feira, 6 de março de 2015

A maldita mania de falar sobre o que não está sendo falado


Tudo começou com essa imagem aí de cima. A imagem, para você que sabe-se lá como ainda não percebeu ou nem quis ver o que estava nela, mostra uma triste curiosidade: o ateísmo é punível com morte em pelo menos treze países.

Isso é uma página de Facebook que posta curiosidades e não há nada de mais nisso. Nada de novo sob o sol. Entretanto...:


É justamente sobre isso que eu queria falar.



Desde que sou pequeno eu vejo as pessoas fazendo essa mesma coisa: o assunto é sobre X, mas ela vai e no finalzinho do papo ela comenta sobre Y, só poque Y têm alguma relação com X. Pra tornar tudo mais claro, é como se você estivesse falando sobre os esquemas de corrupção que o PSDB fez e o filho de uma boa mãe, do nada, fala que "o PT também roubou muito".

Porra! A gente não tá falando disso agora! Qual o problema do ser humano em se focar em uma coisa sem citar outra coisa só porque elas têm alguma relação?

No caso do filho de uma pura senhora da imagem anterior, o problema nada mais é que vitimismo neopentecostal desnecessário e sem motivo* misturado com uma desconfiança mais ou menos paranoica que você adquire ao se converter no ministério pentecostal ou assembleiano mais próximo de sua casa, como pode ser conferido na imagem abaixo:

E depois um ser desses se acha no direito de chamar os outros de toddynho

Alais, acho que este comentário não foi de todo ruim, pois nele podemos conferir o que pode ser a causa deste problema, senão da maioria das ocorrências.

Ele falou em "cada um fala aquilo que quer defender". Bingo! Ao que tudo indica, é exatamente por isso que pessoas têm o péssimo ato de falar sobre aquilo que possuí relação com o assunto falado mas que não está em pauta. No exemplo PSDB x PT, um logo fala dos defeitos do outro por assumir que o crítico é do lado opositor e tenta defender na intenção de equilibrar a discussão e limpar a barra de seu partido.

Acontece que isso é ridículo. Quer dizer, se você estiver em um debate ou dando uma entrevista na tevê sobre um assunto sério, é compreensível por causa da situação, mas uma discussão casual com um amigo ou conhecido não é uma dessas ocasiões, principalmente com esse papinho bosta de "o meu é sujo mas o seu é mais".

Se está falando sobre um assunto, é natural que esteja querendo defender o lado com que você se importa ou que você faça parte, mas primeiro veja se o meliante da conversa está realmente querendo desmerecer o seu lado. No caso das imagens, isso não chegou a acontecer, e se esse animal pensante tivesse parado pra perceber que a imagem não foi uma ofensa direta ou indireta à crença dele, nada disso teria acontecido e eu teria lido menos comentários estúpidos:

Oh papinho de merda, viu
E, mesmo se o objetivo do seu camarada é criticar o seu lado, não quer dizer que você possuí álibi para falar o que não deve. Isso só se usa em condições muito específicas, como debates, pois você têm a necessidade de mostrar aos que não estão participando mas que estão observando que o seu lado não é de todo ruim, mas também não vir com essa coisa de "o meu é sujo mas o seu é mais", pois isso não é argumentação de verdade, entende? Se for usar, use de mode construtivo, e, de preferência, dentro do próprio assunto.

E mesmo o seu camarada querendo criticar o seu lado em um debate ou situação análoga não lhe dá o direito de fazer isso. A maioria das discussões partidárias que terminam em trocas de ofensas é justamente por causa deste maldito comportamento que nós deveríamos ter jogado fora quando ainda novos, pois no mundo adulto este tipo de comportamento mais corroí que agrega.

Entenderam? Este tipo de comportamento só é aceitável em situações específicas, mas ainda sim de maneira correta, ou seja, da forma mais construtiva que você tiver ou que garanta os resultados mais construtivos possível. Entretanto, de preferência, não o usem. Um dia ou uma hora a vez do assunto vai chegar e você vai poder tagarelar o quanto quiser.

Vamos ter bons modos no nosso convívio social e cibernético para torná-lo mais harmônico e construtivo, e não essa porra louquice que estamos vivendo na internet e em alguns seguimentos da vida social.
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* Quando digo desnecessário e sem motivo estou me referindo ao vitimismo vindo dentro das fronteiras nacionais. É uma realidade que cristão são perseguidos em vários países, mas o Brasil não é um desses e você não têm necessidade ou obrigação de ficar falando isso em todo santo post ou comentário envolvendo perseguição religiosa em outros países. Pior, você não deve usar esse tipo de notícia para se incluir no grupo de perseguidos, pois o pais é majoritariamente cristão e você não levará sequer uma única pedrada desde que não passe no meio de um bloco de carnaval local (isso aconteceu comigo nos meus tempos de cristão).

** O post da imagem que deu origem a esse texto pode ser encontrado clicando nesse link. Só não recomendo que você leia os comentários.

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